quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Tomando distância para ouvir o silêncio do Planeta

Ficção e aventura num ambiente de mistério. Minha primeira impressão em “Além do Planeta Silencioso” é sobre a capacidade de C.S. Lewis chamar nossa atenção para refletir sobre o nosso próprio mundo, mas de fora dele. Dá para sentir-se enganado e sequestrado juntamente com o protagonista da história Elwin Ransom e viajar até ao ponto de enxergar o nosso potencial de conduzir nosso planeta à decadência. Nesta perspectiva podemos prescrutar os pensamentos deste autor contemporâneo à Segunda Gerra, pois não há como não olhar para esta calamidade humana e não buscar beleza num mundo diferente. A intolerância pode ser capaz de gerar o horror e a opressão de uma guerra devastadora. Entretanto, o que na verdade não podemos tolerar é a falta de respeito, preconceitos, dentre os diversos sentimentos que nos separam ao invés de nos reunir como comunidade independente de nossas diferenças.
 
Por alguma razão nosso mundo tornou-se silencioso. Claro que você precisará ler para descobrir. Mas possivelmente este silêncio se apresenta como um clamor desta terra para resgatarmos nossa humanidade através de atitudes assertivas. Estas atitudes devem compor nossa busca por um mundo melhor, e quanto a isto, não há dúvida, é praticar o bem. No entanto, minha interrogação a este respeito seria: porque ir para tão longe para resgatar o amor ao próximo?
De uma forma poética, o autor apresenta um personagem, professor universitário (filólogo), que inicia uma viagem de féiras, mas acaba sendo sequestrado por dois cientistas, Weston e Devine, e é levado à força numa espaçonavem para Malacandra (Marte). Neste novo ambiente é surpreendido por novas cores, aromas, formas de vidas extraordinariamente inacreditáveis. Neste ambiente pelo menos somos inspirados a resgatar nossa atenção para coisas mais comuns e a vislumbrar a beleza na simplicidade e profundidade da vida pulsante à disposição em nosso planete em quanto ainda o temos.
O “Planeta Silencioso” é o primeiro livro da Trilogia Cósmica. O segundo Livro da série é “Perelandra: viagem a venus”. O último é “Áquela força medonha”.
Como você poderá perceber ao ler, Ranson é levado cativo e descobre os planos perversos de seus raptores de entregá-los para um ser “Oyarsa”, uma entidade que gorverna este mundo antigo, e para surpresa nossa, este é conhecido como servo de Maleldil, o único Criador. Neste ponto é claro que nos perguntaremos quais semelhanças podemos encontrar com nosso cotidiano, e por nossas crenças à prova a respeito da nossa própria visão de mundo.

Escrito por: Gilberto Martins.

Referência:
C. S. Lewis. Além do planeta silencioso. Tradução: Waldéa Barcellos. Martins Fontes, 2010.

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