terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Êxodo: uma saída radical


O livro de Êxodo apresenta o nascimento de um povo e os alicerces da construção de uma nação. Da escravidão à liberdade. Dos trabalhos forçados para a livre iniciativa. Das obrigações impostas pelos trabalhos escravistas no enriquecimento de terceiros para a formação de vínculos familiares na construção das bases sólidas de investimentos voltados para a posse de suas próprias casas.

A palavra “êxodo” provém do grego e significa sair. Na escola nos acostumamos a ouvir a expressão “êxodo rural” que retratar a saída das pessoas do campo para a cidade ou Centros considerados “Cidades Grandes” por dispor de oportunidades de empregos. E de fato quando observamos determinadas regiões, principalmente no Brasil, podemos conferir o que nos livros de geografia chamam de distribuição desigual da riqueza do país. Este, por exemplo, é um dos principais fatores como indicativo do motivo para ocorrência das migrações entre Estados e Regiões.

Na leitura do Êxodo encontramos uma narrativa maravilhosa com uma excelente proposta de mudança com uma orientação para grandes conquistas. Esta orientação está atrelada, principalmente, a imagem de um libertador, Moisés, que é chamado por Deus para libertar o seu povo da escravidão do Egito. E neste aspecto é interessante destacar a noção da necessidade de resgate. Segundo o teólogo Myer Pearlman (1997), esta noção é ligada ao conceito de redenção desde o princípio da criação do mundo. “Em gênesis a redenção é efetuada através de indivíduos; em Êxodo, é efetuada através de uma nação inteira: Israel” (PEARLMAN, 1997, p. 23). Na abordagem deste autor a ideia é que a partir de líderes individuais incumbidos de levar uma mensagem de paz e redenção para a humanidade, este ideal é passado para uma nação inteira cumprir com este propósito, que compreende como magnitude o bem da humanidade.

A história neste livro retrata um povo que é liberto da escravidão com a promessa de tomar posse numa terra prometida. Com isso, saem ao encontro de sua liberdade num longo processo por uma caminhada pelo deserto. Neste trânsito este povo recebe a lei, é organizado e orientado em como manter esta nova vida. No entanto, o deserto com suas privações prova a fé deste povo em suas crenças e suscita diversos conflitos que comprometem a convivência deste agrupamento como povo. Como já ouvi de alguns teólogos: “o maior desafio do povo não foi sair da escravidão, mas sim não leva-la consigo”. Sair da escravidão foi o primeiro obstáculo, mas tirar a escravidão de dentro de si é um processo que exige uma mudança radical de comportamento.

Podemos mudar de cidade, de casa, de emprego, de amigos; mas se não houver uma mudança de hábitos, se mantivermos os mesmos comportamentos, somos fadados a continuar na prática dos mesmos erros.

Escrito por: Gilberto Martins.

 Para reflexão:
"1 Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, 2 sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. 3 Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. 4 Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. 5 E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; 6 mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim. 7 Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, 8 não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto. 9 Onde vossos pais me tentaram, me provaram, e viram por quarenta anos as minhas obras. 10 Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos.

11 Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso. 12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. 13 Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; 14 porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim. 15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação. 16 Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés. 17 Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? 18 E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? 19 E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade” (Hebreus 3:1-19).


Referência:
Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/nvi >

Pearlman, Myer. Através da Bíblia livro por livro. Tradução: N. Lawrence Olson. Impressão 19, São Paulo: Editora Vida, 1997. (Categoria: Comentário Bíblico/Título original: Through the Bible Book by Book, por Gospel Publishing House, 1935; por Editora Vida 1977).

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