domingo, 3 de abril de 2016

Desventuras da Vida Cristã: um choque de realidade


O livro “Desventuras da vida cristão: as dificuldades existem, mas o final pode ser feliz” nos conduz a refletir sobre a vida como ela é. Esta obra apresenta uma fotografia da realidade da vida cristã. Adiversidades existem, mas há esperança. Na prática é uma vida sujeita as mesmas questões inerentes a quaisquer pessoas. O rótulo de crentes não os torna mais humanos, são pessoas e pronto. No entanto, há reflexões na obra de Philip Yancey e Tim Stafford que podem contribuir para responder algumas inquietações em relação à fé em Cristo.

Minha sugestão é comportamental. Talvez se pensarmos em nós mesmos como alunos na sala de aula dos dias, e pararmos para ouvir com atenção o mestre da vida; então, é possível que a busca por respostas aos desafios possam ser encarados como problemas ou provas cujas soluções encontram-se em nossa atitude de fé para com a vida tanto quanto da vida para com a nossa fé.


Deus existe? As orações de fato são respondidas? O que é pecado? A tentação é realmente irresistível?

Todas estas e muitas outras perguntas podem não ter resultados tão simples, ou conforme esperado para se refletir sobre a vida Cristã, no entanto, há um ponto que é essencial e marca a tônica em todas as respostas que somos passíveis de encontrar, a fé. E talvez a base satisfatória a estes questionamentos seja levantar mais uma pergunta, e, principalmente se questionar sobre a própria fé: em quem ou no que você acredita? Em quem ou no que você confia?

De forma simples podemos pensar que a fé compõe-se da combinação dos verbos acreditar e confiar. O estado ou ação de sua atitude é fundamental, mas, é, antes baseada por estas duas expressões em que se resumem na forma de como você enxerga e vive a vida. É através da fé que nutrimos o sentimento de confiança em Deus. “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. (...) Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível” (Hebreus 11:1 e 3).

Um estado de alerta é necessário considerar logo de início. Em meu entender a fé não deve ser um objeto de manipulação de líderes charlatões. Então, se alguém se colocar de ante de você, não hesite em avalia-lo, não caia no conto da carochinha, seja este político, religioso, etc., não importa quem seja; se é um ser humano é passível de falhas, assim, ponha-o a prova, repito avalia-o. E pode começar com a perspectiva de que você mesmo é uma pessoa tão digna do mesmo respeito que você dedica no que você acredita e confia. E digo isto porque penso que a fé é individual, pertence a você, então, não permita que outros utilizem deste presente em seu lugar, não permita que outros imponham o que ou em quem você deve acreditar. Cabe a você decidir; confira se a decisão é de fato genuinamente sua. Isto porque a reflexão sobre a fé indica que ela é um dom capaz de expandir nossa capacidade de pensar e refletir, inclusive, de não ter medo de questionar, pois nos ensina por fatos, coisas e mesmo pessoas à prova. Afinal as dúvidas são um elemento da nossa humanidade, e a fé é um elemento da graça da divindade de Deus em Jesus. E nesta forma de pensar entendemos por que oramos e apresentamos nossas perguntas para Deus. Pode parecer loucura eu sei, mas não há outro melhor para apresentar nossas questões se não para aquele que tem todas as respostas.

Se fizermos uma pesquisa sobre como o Aposto Paulo orientava em suas Cartas sobre a fé, verificamos que este incansável defensor da Obra Redentora de Cristo apresentava a fé como um elemento libertador; “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2: 8 e 9).

Observe que a principal questão em que a fé é envolvida é no que se refere à libertação da alma do ser humano e de sua reconciliação com Deus através de Cristo. E verificamos ainda que este elemento evoca nossa racionalidade e não a entrega surda e desprovida de escolha. Ela começa com o ouvir: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10: 17). Aqui há um indicativo de que o ouvinte não é passivo, é antes chamado à decisão. Observe a expressão "ouvir pela palavra", fica claro que este ouviente possui uma base para avaliar o discurso. E mais, não há a intenção de indução à passividade, pois para assumir uma posição é necessário se ter conhecimento. Assim, primeiro se ouve, lê, estuda e entende; depois se é convidado a tomar um posicionamento. Neste caso, reitero o principal enfoque que toca a fé é o objetivo essencial da ralação que Deus quer desenvolver com o ser humano, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3: 16). E aqui chegamos ao epicentro da fé, que é a reconciliação entre Deus e o ser humano através de Cristo Jesus.

Podemos concluir com uma comparação entre a escola e a vida. Na escola em cada período letivo a conclusão de cada etapa requer uma prova de avaliação. E nesta avaliação, óbvio está que nós somos os alunos postos a prova para conferir se de fato assimilamos o conteúdo expresso pelos mestres. Em relação à vida, não é muito diferente. Mas qual o conteúdo base da crença em que você deposita a sua fé. Esta é um sentimento de confiança naquilo em que você acredita. Neste caso o conteúdo de sua fé está intimamente ligado àquilo em que você conhece, e o que você conhece compõe o conteúdo de sua crença; assim, a sua crença é a base de onde você deposita sua confiança. Por isso, não fico admirado se as pessoas têm dúvidas em relação a Deus e sua fé, pois somos seres humanos sujeitos às imperfeições de nossa natureza. No entanto, este é um bom começo para se pensar que a questão talvez seja não em estar com dúvidas na relação com Deus, mas sim em estar com Deus em relação às dúvidas. E como já disse anteriormente, um excelente exemplo sobre este debate de fé é a vida de Jesus.

Escrito por: Gilberto Martins.

 Para reflexão:

 “1 Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.
2 Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.
3 Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.
5 Ora, Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas.
6 Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo. )
7 Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo. )
8 Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos,
9 A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.
11 Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido." (Romanos 10:1-11).
Referência:


YANCEY, Philip; STAFFORD, Tim. Desventuras da vida Cristã: as dificuldades existem, mas o final pode ser feliz. Tradução: Jorge Camargo. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.

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