Releituras são necessárias. Retornar a
um livro pelo prazer de lembrar sua história é surpreendente, pois não apenas
recobra episódios já vistos, mas revelam passagens ocultas pela falta de
atenção ou intensões não captadas pela interpretação. É a sensação de captar um
novo elemento. É um treinamento para o coração polir sentimentos que já se
tinham por lapidados. O que por esta percepção se revela atrativo em abrir
nossos horizontes para revisões em nosso próprio comportamento.
Na prática deveríamos ter o hábito de lembrar
das coisas feitas durante o dia e refletir sobre seus efeitos. Reler não por
que esqueceu, mas exatamente para não esquecer; e mais, acentuar o que deve de
fato ser guardado e praticado; descartado ou mesmo reprocessar o que requer revisões.
Às vezes este gesto revelará, inclusive, a necessidade de voltar para alguém e
pedir perdão que, por sinal, é uma excelente releitura para os relacionamentos.
Deuteronômio propõe este tipo de
hábito. Incentiva as releituras da vida. Conforme observa Myer Perlman (1997,
p. 37), este livro “origina-se de duas palavras gregas que significam ‘segunda
lei’, e chama-se assim, pelo fato de registrar a repetição das lei dada no
Sinai”. Esta chamada é sensacional. Se
entendermos que a Lei é uma orientação não apenas comportamental sob aspectos
que devem nortear nossas práticas com o objetivo de fomentar princípios de vida
para se viver bem em sociedade, então, esta deve ser a máxima da supremacia
para ser capaz de seguir uma lei, RELER com sentido de REVIVER.
Aqui, o sentido da releitura não recai
apenas sobre a forma de quando se volta para um livro para lê-lo mais de uma
vez. Esta ideia busca traduzir o conceito de toda captação de mensagens e
significados sujeitos aos nossos sentidos. Ouvir, olhar, tocar, cheirar, são formas
de apropriação periféricas de nosso organismo, mas todas passam pelo
pensamento. Ainda que não tenhamos habilidades desenvolvidas para detectar com
maior clareza determinados fenômenos que ocorrem ao nosso redor, não significa
que não ocorram. Assim, uma volta reflexiva ao ponto, ao assunto, ao fato, pode
auxiliar melhor no entendimento de determinados porquês.
Basta compararmos as pessoas no
exercício de algumas atividades, como por exemplo, um professor, cozinheiro, um
advogado ou juiz, um músico, uma dona de casa, ou quaisquer outras você se
encaixe. Observe que, de certa forma, todos aprendem seus ofícios pelas releituras.
Como assim? É mais fácil pensar que só um professor ou advogado, precisam
voltar à letra fria de um livro para se apropriar da ideia de seu conteúdo para
rever suas ações e aplicar suas decisões. Na prática, o costume; o hábito de
repetir determinadas ações todos os dias são estas espécies de releituras.
Talvez não sejam tão evidentes quanto se abrir um livro para relê-lo, mas estão
tão presentes quanto àquela fórmula. Um cozinheiro precisa todos os dias reler
suas receitas, mas já fez tantas vezes que não se dá conta de que o conteúdo do
prato feito, antes de pronto passou pelo seu pensamento.
Desta forma, esta ideia soa bem
interessante e percebemos que vale a pena assumir que às nossas ações precisão diariamente
de uma revisão. Tão bom quanto elaborar um delicioso prato de arroz, feijão e
ovo; é ser capaz de apreciar seu aroma, perceber os condimentos incrementados
para transformá-lo numa iguaria e ter o prazer de degusta-lo. No entanto, mais evidente
será esta necessidade se você estiver com fome. Sem fome, não há dinheiro que
possa suprir a vontade de um ser humano se alimentar, pois claro está, tratar-se
de um capricho de criança mimada que ainda não aprendeu a valorizar o que é
essencial.
Escrito por: Gilberto
Martins.
Para reflexão:
"1 Bem-aventurados os
que trilham com integriddade o seu caminho, os que andam na lei do Senhor!
2 Bem-aventurados
os que guardam os seus testemunhos, que o buscam de todo coração,
3 que não
praticam iniguidade, mas andam nos caminhos dele!
4 Tu ordenastes os teus preceitos , para que fossem
diligentemente observados.
5 Oxalá sejam os meus caminhos dirigidos de maneira que eu
observe os teus estatutos!
6 Então ficarei confundido, atentando para todos os teus
mandamentos.
7 Louvar-te-ei com retidão de coração, quando tiver
aprendido as tuas retas ordenanças.
8 Observarei os teus estatutos; não me desampares
totalmente!
9 Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o de
acordo com a tua palavra.
10 De todo o meu coração tenho te buscado; não me deixes
desviar dos teus mandamentos.
11 Escondi a tua
palavra no meu coração, para não pecar contra ti." (Salmos 119:1-11).
Referência:
Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/nvi >
Pearlman, Myer. Através da Bíblia
livro por livro. Tradução: N. Lawrence Olson. Impressão 19, São Paulo: Editora
Vida, 1997. (Categoria: Comentário Bíblico/Título original: Through the Bible
Book by Book, por Gospel Publishing House, 1935; por Editora Vida 1977).
Muito bem escrito, bastante didática tua observação sobre o livro. Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirOlá, Claudia. Obrigado. Que bom que você gostou.
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